Arquivo de 4 de Fevereiro, 2009

A fonte

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São muitas as questões que levantamos quando um relacionamento termina.
Quero respostas para toda a dor que sinto. Pergunto-me se errei, onde errei, onde me perdi. Olho em volta e só encontro o vazio, olho para dentro de mim e só encontro dor.
Como é possível que eu me possa magoar tanto?
Os motivos que me fazem entrar em relacionamentos que acabam por deixar muita dor podem ser muitos, mas uma vez envolvida emocionalmente, mais difícil se torna sair deles ou aceitar o seu fim.

Chego à conclusão que enquanto estou com alguém muitas vezes acabo por ceder em valores que são importantes para mim, e aos poucos, a sua soma é tal que já não consigo sequer suportar conviver com quem se tornou entretanto uma total desconhecida: eu própria.
Acabo por me perder aos poucos, e nesse trajecto, inevitavelmente, acabo por perder também quem amo.
Olhando agora para trás percebo que quando o abandono me bateu à porta, muito antes de isso acontecer, já eu me havia abandonado na mesma proporção.
Esqueci-me de mim, entre tantas outras razões, por estar muito ocupada a tentar fazer a outra pessoa feliz. E foi também nesse momento que a outra pessoa fez exactamente o mesmo que eu… começou a cuidar de si mesma como se eu não existisse.

Aos poucos, sem me dar conta, fui perdendo o brilho, a energia, a vontade, a ligação com os meus sentimentos e principalmente comigo própria. E não é que os sinais não estivessem todos lá, mas simplesmente não quis ouvir que não ia dar certo.
Na verdade, será que esse sentimento de ficar sem chão, sem ar, o coração a sangrar e a alma dilacerada é por que a outra pessoa se foi embora ou por que perdi a ligação comigo mesma? Será que o meu sofrimento é por que a outra se foi embora ou é fruto da minha própria ausência?

É inegável que uma separação dói e muito, mas na verdade, devia chorar por mim própria, e principalmente, pelo que permiti que fizessem com aquilo a que dou o nome de amor.
Dei tudo! Carinho, colo, ombro, respeito, verdade, amizade, cumplicidade, sinceridade, fidelidade, e tudo mais que um ser humano quando ama é capaz de dar. Por que continuar a querer ficar próxima de quem se foi e manter-me tão distante de mim mesma? Por que ficar à espera do amor da outra pessoa, quando há tanto amor dentro de mim?

Quando cheguei a esta fonte percebi que este é o momento de descobrir as minhas próprias verdades, satisfazer as minhas necessidades, ouvir o meu coração… deixar que ele me diga o que realmente significa amar.


Fevereiro 2009
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