Já tenho mencionado aqui neste espaço e muitas vezes tenho reflectido sobre a necessidade de moderação nas palavras ditas “pela boca fora”, sobre a importância de não deduzir, sobre os estragos que o medo pode fazer na minha vida, até sobre o quanto me torno “pequenina” quando fico tentada a julgar os outros, sobre o conceito de cada um a respeito da decepção, mas até hoje não falei de algo que é óbvio, aquilo a que chamaria “desapego”. Talvez porque o óbvio tende quase sempre a passar despercebido…
Pensando bem, talvez este conceito de viver em desapego seja o mais importante quando queremos mudar de vida.
Estou sempre a fervilhar, sempre na ânsia de mudar, mas quase sempre me esqueço de deixar para trás o que já não me serve. É tão importante e necessário, no entanto é um dos aspectos mais difíceis de levar à prática.
Chego agora à conclusão que eu tinha uma percepção errada sobre o que realmente significa desapego. Achava que tinha que me libertar de tudo que era material e dedicar-me exclusivamente à parte espiritual. Não podia estar mais errada. Essa concepção de vida é coisa de profetas, ou de quem ainda não percebeu que somos 50% humanos e 50% espírito. A frase “Espírito é o que somos, humanos é o que estamos”, creio que resume bem a questão.
Nem tanto desapego e nem muito apego. Viver em desapego pode levar-me a acreditar que a vida acontece por obra de um deus. O outro lado, o apego, também é complicado, porque passo a viver para a matéria e com o dinheiro.
Muitas vezes quero mudar de vida, e até chego a pensar em mudar de cidade, mas de pouco me adiantará se me levar também a mim mesma, tal como sou nesse momento. Mudar de vida não significa mudar do local onde se vive, significa eliminar maus conceitos e substituí-los por outros mais adequados para mim e isso é um evento individual e particular.
A disponibilidade não está à nossa disposição. Chega quando chega.
Partir de malas na mão, já é sinal de que nos carregamos, sempre. Com o tempo, a serenidade permite-nos olhar a paisagem e então, finalmente, viajamos. E viajar é bom!
Que hoje a aldeia a possa surprender.
As malas de nada contam nesta viagem, e ela é possível se for essa mesma a tua ambição.
Eu disse que ainda voltava a falar das malas, menina Pilantra! 😉
Ainda não foi nada escabroso… talvez outro dia! 😀
E sim, a aldeia ainda me surpreende todos os dias!
Claro que não contam menina G, o que conta mesmo é a vontade e o querer! Também ajuda ter alguma consciência sobre a viagem que empreendemos, por uma questão de consonância… 😉
Fiquei sem perceber ou melhor tentada a acreditar que a vida quando é feita de palavras é muito mais fácil 😛
ora aí está uma grande verdade menina Petra! 😛 a teoria – palavras – é muito mais fácil sem dúvida! 😉
Mudar de cidade, de tempo, de “vida”…não contribui para mudarmos mas, por vezes, acontece porque mudámos…e todos os sentidos deixam de o ser… estranhos assim num mundo estranho só resta partir…
Despojada talvez, desapegada nunca, creio…
menina Anonyma, continuo a achar que o desapego faz falta, mas isto digo eu, que até nem sou muito de achar! 😉