Archive for the 'Lésbica' Category



Vá lá… confessem!

Os defensores do casamento

O Amor e o Estômago

Tantas vezes já ouvi dizer que ao coração se chega pelo estômago… Eu sei, eu sei, não é assim para todas nós, mas segundo a sabedoria popular, será verdade para a maioria, ou pelo menos, este será um bom caminho para lá chegar! Será mesmo?

Pensei sobre este “princípio”, mas fiz uma abordagem diferente. Pensei em carência afectiva e amor. Há quem diga que a carência afectiva tem origem na nossa dificuldade em receber amor.

É aqui que o estômago entra…

Passo a explicar. Entendo o estado de carência afectiva assim como estar com fome e não ter estômago para digerir. O que levanta a questão: Como será que o nosso “estômago afectivo” se torna tão pequeno? Será porque nos fomos alimentando cada vez menos, à medida que o alimento emocional se tornou escasso ou invasivo?

Não foram poucas as vezes que os meus pais me disseram “Se comeres todo o jantar, podes comer a sobremesa…”. E assim chego novamente ao estômago…

Por outras palavras, por muito que este tipo de frase pareça inocente, acredito que revela também os condicionamentos pelos quais passei a aprender que receber modula o modo de ser.

Fui diminuindo instintivamente a minha receptividade ao associar a experiência de receber amor a vivências de insuficiência, abandono ou de um controlo excessivo.

Se nos sentimos manipulados ao receber alimentos, presentes, elogios, carícias e incentivos, associamos a ideia de receber com o dever de retribuir algo muitas vezes além da nossa capacidade ou vontade pessoal.

Não há estômago que aguente!

E foi assim, desta forma, subtilmente, com a intenção de me proteger do excesso ou da falta de atenção perante a necessidade de amar e ser amada que fui fechando o estômago, ou o coração… já não sei bem!

Isto é, fui formando camadas protectoras contra os ataques à minha vulnerabilidade. Este processo no entanto tem um efeito bastante grave: ao estar mais atenta ao que recebo do que ao que desejo, acabo por aprender a dar mais atenção ao mundo exterior que às minhas reais necessidades.

A necessidade de ser amada faz parte do meu instinto de sobrevivência, portanto é algo natural não só em mim, mas em todas nós, enquanto seres sociais. Mas, numa sociedade materialista como a nossa, onde a autonomia é sinónimo de maturidade, muitas vezes esta necessidade é vista como um sinal de imaturidade ou infantilidade.

Vou exemplificar melhor este drama. Quando a minha parceira se distancia, por razões que me são alheias, ela sente-se abandonada. Então, em vez de dizer: “Quero estar mais próxima de ti”, ela diz: “Estás distante!”. Este seu modo de me alertar sobre a sua carência é defensivo. Ela não está a agir abertamente, nem de forma transparente, pois por detrás da sua reclamação há um desejo de controlar, para que eu seja como ela quer. Eu, por minha vez, sentindo-me pressionada, perco a espontaneidade e afasto-me cada vez mais. Ela sente-se carente e torna-se refém da minha atenção!

Quando nos tornamos reféns do comportamento alheio, deixamos de estar ligadas ao nosso sentimento de amar e esperamos apenas ser amadas. Por outras palavras, ela deixa de perceber o que sente em relação a mim e apenas se atem ao que eu demonstro sentir em relação a ela. A expressão do afecto contrai-se sob a pressão e gradualmente ambas perdemos a espontaneidade.

Lá se vai o estômago… e o amor!

As notícias que temos…

Saíu ontem nos jornais uma notícia sobre um caso de homicídio que mereceu o título “Ciúme gay acaba em morte a tiro” no Correio da Manhã e que teve destaque na primeira página no formato que podem ver na imagem de capa que anexo.

Estou aqui a tentar decidir o que é pior… se a notícia em si, se a forma como ela foi elaborada e publicitada em dois dias consecutivos, ou os comentários homofóbicos online que ela suscitou. 

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Curiosamente, no mesmo dia, na página 12 do mesmo jornal, estava mais uma notícia de violência entre casais hetero, que mais uma vez acabou com o assassinato da mulher, também a tiro, que recebeu o título “Mata a mulher com tiro na boca“, mas que não mereceu destaque de primeira página… talvez porque é só mais um nos cerca de 40 homicidios deste género que se registam por ano no nosso país!

Há uma frase popular que diz: “cada um tem o que merece”… este deve ser o jornalismo que merecemos, no país que merecemos. Mas é completamente inaceitável que os nossos jornalistas nos tratem assim.

Sobre a homossexualidade

Vaticano deve rever posições “inflexíveis”

O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair considera que o Vaticano devia rever as suas posições “inflexíveis” sobre a homossexualidade, alegando que a maioria das congregações católicas adoptou uma abordagem mais benevolente em relação aos homossexuais.

Numa entrevista à revista mensal “Homossexual Attitude”, publicada na passada quarta-feira, o ex-chefe de governo britânico referiu que os fiéis católicos não partilham da mesma opinião, no que toca à homossexualidade, do que os altos responsáveis da igreja.

(…)

Estas declarações integram a edição que celebra os 15 anos da revista, e que questiona a posição do Vaticano que se opõe ao casamento homossexual e considera as relações entre pessoas do mesmo sexo um pecado.

in: Correio da Manhã

******

É claro que estou perfeitamente de acordo com Mr. Blair, mas foi pena ele não ter feito do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em Inglaterra, uma realidade 100% igual a qualquer outro casamento, e tenha ficado pelo “contrato”. É claro que é mais fácil falar quando se está de fora… digo eu!

Ah, e já agora, os parabéns pelos seus 15 anos à revista “Attitude” que para além da versão em papel, conta também com um site sempre repleto de novidades para o publico Gay em especial. Por cá, a revista Com’Out não durou 15 meses… lastimável!

Eu, Ela e o meu Canário

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– Importas-te se eu comprar uma gaiola maior para o teu canário?

– E por que isso agora?

– Ora, porque ele me parece ter pouco espaço… já basta viver atrás das grades.

– Mas aquela é a dimensão ideal para ele, não precisa mais espaço.

– Faz-me pena ver os animais assim presos!

– Sim, mas não te esqueças que este já nasceu em cativeiro e não sobreviveria se eu o soltasse.

– Eu sei, mas tenho pena dele. Ainda por cima está ali sozinho, nem tem uma namorada ou um namorado para lhe fazer companhia.

– Pois… mas se tivesse companhia na gaiola também deixaria de cantar!

Ânsia de mudar (de malas feitas)

Já tenho mencionado aqui neste espaço e muitas vezes tenho reflectido sobre a necessidade de moderação nas palavras ditas “pela boca fora”, sobre a importância de não deduzir, sobre os estragos que o medo pode fazer na minha vida, até sobre o quanto me torno “pequenina” quando fico tentada a julgar os outros, sobre o conceito de cada um a respeito da decepção, mas até hoje não falei de algo que é óbvio, aquilo a que chamaria “desapego”. Talvez porque o óbvio tende quase sempre a passar despercebido…
Pensando bem, talvez este conceito de viver em desapego seja o mais importante quando queremos mudar de vida.

Estou sempre a fervilhar, sempre na ânsia de mudar, mas quase sempre me esqueço de deixar para trás o que já não me serve. É tão importante e necessário, no entanto é um dos aspectos mais difíceis de levar à prática.
Chego agora à conclusão que eu tinha uma percepção errada sobre o que realmente significa desapego. Achava que tinha que me libertar de tudo que era material e dedicar-me exclusivamente à parte espiritual. Não podia estar mais errada. Essa concepção de vida é coisa de profetas, ou de quem ainda não percebeu que somos 50% humanos e 50% espírito. A frase “Espírito é o que somos, humanos é o que estamos”, creio que resume bem a questão.

Nem tanto desapego e nem muito apego. Viver em desapego pode levar-me a acreditar que a vida acontece por obra de um deus. O outro lado, o apego, também é complicado, porque passo a viver para a matéria e com o dinheiro.
Muitas vezes quero mudar de vida, e até chego a pensar em mudar de cidade, mas de pouco me adiantará se me levar também a mim mesma, tal como sou nesse momento. Mudar de vida não significa mudar do local onde se vive, significa eliminar maus conceitos e substituí-los por outros mais adequados para mim e isso é um evento individual e particular.

Contas…

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Ideia – Acção = Sonho
Acção – Ideia = Perda de tempo
Ideia + Acção = Resultado de excelência

Aqui, ali, acolá…

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Quem não arrisca, não petisca!

Até já perdi a conta à quantidade de vezes que ouvi esta frase, e por muito “básica” que ela possa parecer, ela está mesmo repleta de verdade e sentido.

Tantas vezes me sinto tentada a lamentar ou reclamar que a minha vida está mal, que tenho azar, que nada dá certo, e até me questiono, “por quê eu”?

Claro que serei sempre eu… Pois se é a minha vida!… É a mim que cabe fazer com que ela ganhe sentido, seja positiva e seja repleta de coisas boas.

A vida fala comigo, por vezes de forma estranha, mas fala. No entanto, algumas vezes parece que estou surda aos seus conselhos… Creio que é nessas alturas que me lamento, porque não ouvi, ou não quis ouvir!

Em momento algum posso esquecer que estou aqui para experimentar, aprender e de alguma forma evoluir. Esquecer isto significa que a vida perde a sua graça, tornando-se previsível, sem desafios, em suma, um grande tédio!

Acho que vou deixar de observar tanto a vida, e tornar-me bem mais participativa, pois não adianta tentar preservar-me, procurar sempre aquela margem de segurança palpável, não me deixar contaminar pelas emoções, com medo de correr o risco de sofrer.

Aqui está o palco das minhas experiências… a vida! Não tenho vocação para santa, e se fosse santa, estaria no céu, rodeada de anjos, e não aqui. Mas na realidade tenho uma grande vantagem em relação aos anjos… é que, eu posso errar, eles não! 😉

Mas que vantagem estranha é essa que, muitas vezes, termina como nossa inimiga número um: a dor. A vantagem é que posso exercitar a escolha.
A graça deste mundo é que o amanhã traz sempre uma novidade a ser experimentada. Nunca terei a certeza do que irá acontecer. Mas, posso ter a certeza de que, o que acontecer, será seguramente o melhor para mim.


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